Por Josie Ananias
Quando falamos de
acessibilidade e inclusão social da pessoa com deficiência, o que lhe vem à
mente? Talvez a imagem de rampas de acesso da pessoa com deficiência física, o
piso tátil do deficiente visual ou você logo se lembre do direito de acento
preferencial em transporte público ou no transporte adaptado. Mas, que dizer da
inclusão dos que tem por base a forma de interação com o mundo nas experiências
visuais e não auditivas, que usam o corpo e as mãos para falar e os olhos para
ouvir por meio da língua de sinais? Sim, os surdos não ostentam uma deficiência
aparente e muitas vezes passam desapercebidos na multidão, de maioria ouvinte.
Eles já foram visto com
certa estranheza e apontados como DI (Deficientes Intelectuais), tiveram sua
língua proibida e foram obrigados fazer treinamento oral para aprenderem a
falar e se conformar a sociedade que procurava curá-los e nunca compreender e
aceitar suas diferenças. Ao longo dos anos por meio de mobilização e luta da
sua comunidade, conquistaram o reconhecimento da sua língua e asseguraram por
lei suas necessidades educacionais e de acesso à informação por meio da legenda
e intérpretes de língua de sinais habilitados.
Na cidade de Campinas,
segundo o Censo 2010 do IBGE, existem cerca de 48.356 pessoas com deficiência auditiva,
sendo que entre elas 12.030 com deficiência auditiva severa e 3.891 que
se consideram surdas que necessitam da Libras (Língua Brasileira de Sinais)
para a comunicação. Onde estão esses cidadãos invisíveis? Você os vê em
pequenos ou grandes grupos nos lugares públicos, praças, shoppings, terminais
de ônibus, sinalizando e interagindo entre si em longas conversas; talvez em
menor número no seu ambiente de trabalho, na sua família, nas igrejas… e onde
mais? É só isso?
É por esse direito de serem vistos e ouvidos
e, acima de tudo, compreendidos e aceitos nas diferenças que surdos ou ouvintes
usuários da Libras atuam. O objetivo é transpor as barreiras de comunicação e
derrubar os estigmas criados pelo preconceito e a falta de informação. Pelo
direito de ouvir cm os olhos e falar com as mãos ao mundo sonoro e mostrar sua
maneira de sentir e viver.
Josie Ananias é intérprete de Libras
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