quarta-feira, 18 de junho de 2014

O autismo e as barreiras sociais


Considerado um distúrbio do desenvolvimento dentro de um grupo maior  denominado de Transtornos Globais do Desenvolvimento, o Autismo se instala nos três primeiros anos de vida, quando os neurônios que coordenam a comunicação  e os relacionamentos sociais deixam de formar as conexões necessárias. Se o diagnóstico demorar a acontecer, esses neurônios não são estimulados no tempo correto e a criança pode perder a capacidade de aprender. 

Entre as principais dificuldades relacionadas ao autismo está a falta de conhecimento em torno do tema da sociedade de um modo geral, o que reforça o preconceito e até a falta de tratamento adequado. Reconhecer os sintomas logo nos primeiros anos de desenvolvimento da criança é fundamental. Entre os sinais de alerta estão comportamentos como isolamento, a aversão ao contato físico, hiperatividade, ou até mesmo falta de respostas como não atender quando for chamado pelo próprio nome, desvio dos olhos para evitar contato visual. 

No entanto, o diagnóstico é realmente difícil e esses sintomas podem vir separadamente, ainda assim, é fundamental estar atento ao  modo como a criança se relaciona com o mundo, com as pessoas e o objetos. Uma criança com autismo pode, por exemplo, ficar horas apenas girando as rodinhas de um carrinho.  O autismo tem diferentes graus dentro do que chamamos TEA - Transtorno do Espectro Autista e em todos os casos nosso maior desafio é vencer as barreiras que os autistas ainda enfrentam na sociedade, que ainda não está plenamente preparada para receber o autista. Sabemos que isso ocorre principalmente por falta de informação.

E a informação pode trazer pequenas mudanças no cotidiano que farão toda a diferença. Por exemplo, em um primeiro dia de aula, toda a classe chega com uma grande energia e apenas um menino, sentado na primeira fileira, fica calado e permanece o tempo todo com os olhos fixos em um único ponto da classe. Durante a aula, repentinamente, ele se levanta e começa a andar pela sala. Ao tentar trazê-lo de volta a carteira, a professora é surpreendida com uma reação de grito, arranhões e pontapés. Em seguida silêncio. O menino volta a se fechar em seu universo particular. 

Esse tipo de comportamento é comum entre autistas e acaba escondendo as habilidades criativas e intelectuais, que podem ser desenvolvidas com acompanhamento adequado e vivência escolar.
Essas reações desconexas representam também uma das dificuldades que os pais, educadores e familiares encontram para inserir o autista na sociedade. Por isso a importância do diagnostico precoce e do acesso à informação. 

Mudar o olhar é importante e reconhecer as conquistas das crianças com autismo é fundamental. Na foto abaixo, Luciano Henrique Petrocino Coutrim, 15 anos, que é Sim ele é asperger , um tipo do espectro autista. Ele é bastante comunicativo e participou com graça e desenvoltura no nosso Desfile de Moda Inclusiva, realizado esse mês de junho no Shopping Iguatemi. Ele gosta de desenhar e faz desenhos lindos. Seu sorrisso assim como o de todas as pessoas autistas reforça a necessidade de vencermos barreiras e lutarmos pelo bem estar e inclusão de todas as pessoas com deficiência. 

(Com colaboração de Ana Maria Pizzuto, funcionária da SMPD e especialista em Autismo) 




Descrição da foto: Luciano está no canto direito da foto. Aparece apenas do ombro para cima. Ela usa casaco azul escuro e camisa social listrada em branco e azul, da qual aparece apenas a gola. Ela tem cabelos curtos e negros. Olhos escuros e sorri suavemente para a foto. 

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